Carros de luxo, vinhos de R$ 50 mil e obras de arte: veja itens encontrados em operação que prendeu 2 suspeitos de envolvimento nas fraudes no INSS
12/09/2025
(Foto: Reprodução) PF prende "Careca do INSS" e recolhe mais de R$ 67 mi em bens de suspeitos de fraudes
A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira (12) dois suspeitos de envolvimento no esquema bilionário de fraudes nas aposentadorias e pensões. Um deles é o lobista conhecido como Careca do INSS.
A quantidade de bens de alto valor que a PF encontrou surpreendeu os investigadores. Em São Paulo, na casa do advogado Nelson Wilians, suspeito de participar das fraudes, a Polícia Federal encontrou carros de luxo, como um Rolls-Royce, com interior em couro e teto estrelado, avaliado em R$ 11 milhões. A PF também descobriu uma adega repleta de alguns dos vinhos mais caros do mundo, de produção limitada e safras históricas. Há garrafas avaliadas em mais de R$ 50 mil.
Ainda na casa de Nelson Wilians, os agentes apreenderam dois fuzis e duas pistolas e o equivalente a R$460 mil partes dentro de um par de sapatos e dezenas de obras de arte. Entre elas, pinturas de Di Cavalcanti, um dos mais importantes modernistas brasileiros. Se comprovada a autenticidade, as obras valem milhões de reais. Também há obras supostamente de Orlando Teruz e da artista Tomie Ohtake, além de dezenas de estátuas que podem valer até R$ 8 mil cada e relógios.
Também em São Paulo, a PF prendeu Maurício Camisotti, que os investigadores apontam como um dos sócios de uma empresa que fazia a gestão administrativa e financeira de associações de aposentados envolvidas no esquema. Os agentes apreenderam 17 carros de luxo foram apreendidos só em São Paulo, que foram levados para o pátio da superintendência.
A ação desta sexta-feira (12) é um desdobramento da Operação Sem Desconto e investiga os operadores financeiros do esquema bilionário de descontos ilegais em aposentadorias e pensões do INSS. Além de duas prisões preventivas, a PF cumpriu sete mandados de busca e apreensão.
Em Brasília, a PF prendeu o empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS. Ele é apontado como o maior operador do esquema. Na casa dele, os agentes apreenderam carros de luxo e motos, que foram levados para a PF.
Em maio, a polícia já tinha apreendido outros carros de luxo. Segundo as investigações, Antônio Carlos Camilo estava tentando vendê-los. O advogado do empresário acompanhou a operação e disse que vai tentar reverter a decisão do STF.
“Nós percebemos nitidamente que há um erro de premissa na decisão. A decisão parte de fatos que não são exatamente fatos adequadamente definidos. Nós vamos agora encaminhar ao ministro um pedido de reconsideração da sua decisão, mostrando a sua excelência que as premissas fáticas da decisão estão equivocadas”, diz o advogado Cleber Lopes.
Na casa do empresário Fernando Cavalcanti, apontado como suspeito de lavar dinheiro da quadrilha que agia no INSS, a Polícia Federal encontrou vários artigos de luxo, como um carro, motos sofisticadas, capacetes e até a réplica de um carro de Fórmula 1. O carro é uma réplica de um modelo usado por Ayrton Senna na McLaren em 1993. Uma Ferrari também fazia parte da coleção. A PF apreendeu também itens de colecionador como um capacete original autografado por Senna e uma luva com uma assinatura do personagem Rocky Balboa. Os carros e as edições especiais de motos - entre elas um modelo Harley-Davidson Police, caracterizado como moto policial americana - foram apreendidos e levados em guinchos pela PF.
Os investigadores também encontraram uma coleção de relógios, dinheiro em espécie e uma adega repleta de vinhos. Uma garrafa, segundo investigadores, custa R$ 200 mil. A polícia calcula que apreendeu só em vinhos cerca de R$ 7 milhões. Fernando Cavalcanti não foi preso. O empresário, que é ex-sócio de Nelson Wilians, acompanhou o trabalho da PF, mas não quis dar entrevista.
A PF investiga se esses bens foram comprados com dinheiro desviado no esquema do INSS. Tudo ficará à disposição da Justiça e pode ser usado para ressarcir os cofres públicos.
A operação foi feita a pedido da Polícia Federal e autorizada pelo ministro André Mendonça, relator do inquérito no STF, e teve parecer favorável da Procuradoria-Geral da República. Na decisão, o ministro afirmou que os investigados tiveram acesso prévio a informações sigilosas sobre a operação deflagrada em abril para apurar fraudes contra aposentados do INSS. Na véspera da operação, três homens ocultaram veículos de luxo - incluindo uma Ferrari e duas Mercedes - no estacionamento de um shopping, em Brasília. A PF localizou os carros após uma denúncia anônima.
Segundo a investigação, Antônio Carlos Camilo Antunes, o Careca do INSS, pagou R$ 9,3 milhões em propina a servidores do INSS. Com isso, conseguiu que o INSS autorizasse descontos em pensões e aposentadorias, a título de contribuição associativa da AMBEC - a Associação dos Aposentados Mutualistas de Benefícios Coletivos. De acordo com a investigação, a AMBEC repassava parte do dinheiro para empresas de fachada de Camilo Antunes e de Maurício Camisotti, considerado sócio oculto da AMBEC.
O advogado Nelson Wilians entrou na mira da investigação por ter recebido valores de envolvidos no esquema e por ter realizado transferências para Camisotti - operações que o Coaf suspeita serem lavagem de dinheiro.
A defesa de Maurício Camisotti afirmou que não há motivo que justifique a prisão.
Nelson Wilians afirmou que tem colaborado integralmente com as autoridades; que é inocente e que a relação com Maurício Camisotti é estritamente profissional e legal.
Fernando Cavalcanti disse que não tem envolvimento com as fraudes, nem contratos ou relacionamentos com o INSS e que todas as operações financeiras dele são lícitas.
Os advogados da AMBEC afirmaram que a captação de associados não é feita pela própria associação, mas sim por empresas privadas.
Veja itens encontrados em operação que prendeu 2 suspeitos de envolvimento nas fraudes no INSS
Reprodução/TV Globo
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